De acordo com o Relatório Mundial sobre a Situação da Segurança no Trânsito 2018, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de mortes no trânsito continua aumentando – aproximadamente 1,35 milhão de pessoas morrem todos os anos, o que representa cerca de 3.700 mortes por dia. As lesões causadas pelos acidentes são consideradas a principal causa de óbitos entre crianças e jovens de 05 a 29 anos de idade. O relatório é a principal ferramenta de monitoramento para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020 e é divulgado a cada dois ou três anos.
O levantamento também aponta que pedestres e ciclistas representam 26% de todas as mortes de trânsito, enquanto motociclistas e passageiros correspondem a 28% dos óbitos registrados. Sobre as lesões não fatais, a estimativa é que entre 20 e 50 milhões de pessoas fiquem feridas, sendo que em muitos casos a lesão resulta em incapacidade. As perdas econômicas são consideráveis para os indivíduos, as famílias envolvidas e os cofres públicos. Estima-se que o custo destas ocorrências para a maioria dos países seja de 3% de seu produto interno bruto (PIB).
Entre os principais fatores de risco para os acidentes de trânsito estão o excesso de velocidade, dirigir sob a influência de álcool ou qualquer substância ou droga psicoativa, não uso dos equipamentos de segurança (cintos de segurança, capacetes e cadeiras infantis, por exemplo) e infraestrutura precária das vias. Para se ter ideia, o aumento de 1% na velocidade média aumenta em 4% o risco de um acidente fatal e em 3% a chance de ocorrer um acidente grave. Em uma velocidade de 65 km/h, o risco de morte dos ocupantes em um choque entre carros é de 85%.
Cenário nacional
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgados em 2019, no Brasil, cinco pessoas morrem por hora em acidentes de trânsito. O número de feridos no período entre 2009 e 2018 foi de mais de 1,6 milhão, o que custou quase R$ 3 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo do CFM ainda revelou que a cada hora aproximadamente 20 pessoas com ferimentos graves são encaminhadas a hospitais da rede pública de saúde vítimas de acidentes.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou um balanço feito em janeiro sobre os acidentes nas rodovias federais brasileiras ocorridos no ano passado, com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Entre as principais causas de acidentes rodoviários estão distração (37,1%), desobediência às normas de trânsito (12%), velocidade incompatível (8,9%) e ingestão de álcool (8%). O número de acidentes com mortos e feridos aumentou 3,3% em comparação com 2018. Foram 2.526 feridos e 5.332 óbitos.
Ações para garantir mais segurança no trânsito
Os esforços relacionados à segurança viária precisam ser intensificados – com fiscalização, legislação eficiente, desenho de ruas inteligentes e campanhas de conscientização da população. Investir na infraestrutura das cidades é fundamental para um trânsito mais seguro, salvando vidas e reduzindo os prejuízos causados pelas lesões. Além de pistas em boas condições de rodagem, é necessário assegurar a existência e manutenção da sinalização horizontal e vertical, disponibilizar calçadas e pistas exclusivas para ciclistas e motociclistas e pontos de passagem para pedestres, por exemplo.
Uma tendência para melhorar a segurança nas ruas e estradas é a abordagem de sistemas seguros, que priorizam a vida humana e sua vulnerabilidade. A aplicação de estratégias integradas é vista como uma das principais soluções para promover uma mobilidade mais segura. Entre as ações estão o planejamento de cidades mais conectadas e compactas para diminuir os deslocamentos, a intensidade do trânsito, conectar as vias de maneira inteligente e promover o uso do transporte coletivo; melhorias no desenho das ruas, com aperfeiçoamento da visibilidade e acessibilidade a partir da implantação de rotatórias, lombadas e travessias elevadas; oferecimento de múltiplas opções de transporte coletivo integradas; adequação dos limites de velocidade, incluindo ruas mais estreitas, calçadas mais largas e extensões de meio-fio; reforço da aplicação e fiscalização da legislação existente; conscientização e treinamento de motoristas e profissionais relacionados ao sistema de trânsito (engenheiros, policiais, técnicos, urbanistas); exigência de um padrão universal de segurança para os veículos; e respostas mais rápidas dos serviços de atendimento às emergências.